domingo, 29 de noviembre de 2015

Con perfumes vulgares

MOMENTOS DE BUSCA


Miriam Alves



O vulto
nítido
refletido
escondido
me toma todas as manhãs
penetrando em mim como verdade
bebendo café preto
comendo pão sem mateiga
lavando o sonolento rosto
higienizando o corpo
com perfumes vulgares
O que procuro?
o que oculto?
– todas as respostas?
perguntas?
– todas as afirmações do não?
– todas as negações do sim?
O que encontro
escovando os dentes
limpando as unhas
usando os sanitários
com expressão idiotizada?
O que oculto
perdido no armário
cutucando lembranças
escarafunchando a vida?
Meu vulto e eu
Eu e meu vulto
inseparavelmente
juntos
nos encontramos
bem mais que mãos dadas
clareando a madrugada
com olhos estalados
na insônia
encostados num lençol
cheirando limpeza
de sabão em pó
torcidos na máquina de lavar.

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